O silêncio raramente me incomoda, no entanto falo pelos cotovelos como se tivesse necessidade de preencher essa lacuna imposta pela ausência de som. Acho que o faço mais por defesa pessoal do que para quebrar o gelo ou para que não haja embaraço. É estranho pensar que em alguns momentos de silêncio revelei mais de mim do que através de quaisquer palavras. É estranho expressar o inexpressável através do silêncio. Afigura-se mais fácil esconder-me por detrás de palavras do que revelar-me em silêncio. Não me custa estar em silêncio junto dos que amo. Não me custa ouvir o seu silêncio. Por vezes basta estar por perto, sem palavras. E isso não me incomoda. Nessa quietude, que às tantas se impõe, conheço a amplitude do amor que sentimos. Nesse silêncio se revela tudo o que não cabe nas palavras.
(...)
Encostada a
o parapeito, fumo e observo o céu. Passam-se vários minutos, talvez horas, não sei. O céu adentra-me a alma e perco-me no tempo, nos pensamentos e em ti. Não te oiço chegar. O bater da porta passa em branco. Chamas por mim, permaneço imóvel junto do parapeito. O ritmo cardíaco acelera por te saber perto. Aproximas-te de mansinho, sinto a tua respiração ofegante no meu pescoço, envolves-me nos teus braços, num abraço quente, apertado. Afastas o frio do corpo. Devolves o calor da alma. Beijas-me o cabelo. Assim ficamos: Sem palavras, abraçados, em silêncio.
Por fim acordo. E choro. Não volto a adormecer. O silêncio raramente me incomoda. Mas o teu silêncio perturba, ele diz coisas que eu não quero ouvir. É o silêncio que não diz nada e eu entendo bem a tua mensagem.
gosto. gosto daquele silêncio que diz tudo que as palavras não conseguem traduzir.
ResponderEliminarGosto quando o silencio substitui as palavras que não precisam de ser ditas....
ResponderEliminarbjo***